domingo, 31 de julho de 2011

Hepatite C: prevenção no salão

Desculpem a demóra amigos visitantes, pois estava de férias com meu pequenino!
Vamos falar de um assunto muito importante que muitas pessoas não sabem, mas está afetando milhões de pessoas.


Em silêncio, um vírus tem se disseminado e já atinge mais de 170 milhões de pessoas no mundo inteiro. Sorrateiramente, ataca o fígado e depois de décadas de destruição quase imperceptível, o infectado desenvolve cirrose, câncer de fígado e muitos morrem. A epidemia tem nome e tipificação: hepatite C.

Apenas no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 3 milhões de pessoas têm a doença e ainda não sabem. Das que já receberam o diagnóstico, cerca de um milhão, apenas 20 mil já recebem tratamento, que é gratuito mas de difícil acesso.

Muitos pacientes precisam entrar na Justiça para conseguir os medicamentos e garantir a continuidade da entrega destes. Quando a hepatite C é detectada nos seus estágios iniciais, as chances de cura são maiores. Como a maioria só descobre o vírus quando o fígado está muito debilitado, em sua fase crônica, os remédios podem não fazer mais efeito e é necessário um transplante.

No Brasil, dentre os que não sabem que têm a doença, entre 1,5 e 2 milhões de pessoas têm a forma crônica e cerca de 20% deles vai desenvolver cirrose hepática. No Dia Mundial de Combate às Hepatites, saiba como se prevenir.

A hepatite C é a forma mais grave da doença e, ao contrário do tipo B, não tem vacina. O melhor jeito de se prevenir é se informar e pedir ao médico o teste de sangue, Anti-HCV, que é feito também pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.

Saber as formas de contágio também ajuda a se proteger. Então anote: pacientes que precisaram de transfusão de sangue antes de 1993, pacientes com HIV, usuários de drogas injetáveis e pessoas que tenham se cortado com algum objeto perfurocortante utilizado por outra pessoa, como alicates de manicure, por exemplo, precisam estar atentos.

Hoje, a transfusão de sangue é muito segura. Todo o material coletado passa por testes para detectar possíveis vírus que serão eliminados, mas até 1993 os testes não eram feitos e o vírus da hepatite C não era sequer conhecido. Com a segurança da modernidade, um dos fatores que tornou-se grande vilão na disseminação da tipo C é o alicate de unha, utilizado amplamente nos salões de beleza. O processo de esterilização precisa ser feito através do autoclave, aparelho usado por médicos e dentistas, e não apenas nos forninhos, que não são suficientes para matar o vírus.

Alguns salões de beleza já investem na esterilização dos alicates e compra de material descartável para as manicures e pedicures. É o caso do Fuzz Cabeleireiros e Estética, de Florianópolis. "O material de manicure e pedicure é utilizado apenas em uma cliente, não sendo reutilizado sem passar por um novo processo de esterilização. Utilizamos também um kit individual para pés e mãos, que possui luvas e sapatilhas com creme emoliente, palito e lixa descartáveis. Além disso, as profissionais do Fuzz recebem três doses da vacina contra outros tipos de hepatite para se protegerem”, afirma Aline Conterno, gerente do salão.

Para empresários e clientes, o investimento é mais do que lucrativo. "Nossa maior preocupação é com a qualidade dos serviços prestados aos nossos clientes. Investir em equipamentos de qualidade, como a autoclave, e adotar normativas de trabalho baseadas na conduta mais higiênica possível por parte dos profissionais é essencial para que o nível desejável de profissionalismo seja alcançado. A médio prazo, a relação custo-benefício - tendo em vista que prezamos pela saúde das nossas profissionais ao mesmo tempo em que conquistamos a confiança das nossas clientes - é imensurável", completa Aline.

O pensamento é o mesmo na casa de Lúcia Souza, aposentada, moradora do Rio de Janeiro. Portadora de hepatite C, ela tem em casa todo o material para manicure separado, assim como suas duas filhas. A medida foi adotada desde cedo, quando Lúcia descobriu que era portadora do vírus, assim como o marido, que faleceu em 2008 vítima da doença.


"Não confio na esterelização dos salões mais baratos e como às vezes precisamos fazer a unha rapidinho em casa, o ideal é que cada uma tenha o seu alicate. Levo tudo meu pro salão: alicate, lixa, pau de laranjeira e até esmalte. A hepatite C é muito perigosa e as pessoas não têm noção do que é a doença ainda", alerta ela, que está em tratamento e procura sempre alertar as amigas. "Falo pra todo mundo no salão, com a manicure, até com clientes que eu não conheço!", completa.

Na última semana, o Ministério da Saúde divulgou um pacote de ações para ampliar a tratamento e distribuição dos medicamentos usados para a doença, como o interferon peguilado, que começa a ser usado este ano. Na prática, a medida permite mais agilidade para indicar o prolongamento de tratamento. No programa antigo, a extensão do uso do interferon só era garantida depois da aprovação do Comitê Estadual de Hepatites Virais. Agora, o médico que acompanha o paciente já pode prescrever a continuidade do tratamento, de acordo com os critérios estabelecidos no documento.

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